Alexia e Tutu - A fuga

Estava uma tarde calma e solarenga. O género de tarde que não dá vontade de fazer nada. Tratando-se do Guarda Régio, esse inactividade era de certo modo aumentada aos milhões. Bom, pelo menos algum tipo de inactividade.
- Xiiiii, que bonito rabinho – dizia o agente, segurando uma revista com a única mão visível por cima da mesa – vem... vem....AAHHHH!!
- Mas o que se passa aí?? – disse uma voz anasalada pelo intercomunicador – Outra vez a brincarem à apanha com a mulher da limpeza?
- Nã... não chefe! – disse apressadamente Régio, enquanto limpava a mão a uma carta com o selo do ministério – é que os entalei... os dedos!
- Bem bem, vamos lá a acabar com as paneleirices! – barafustou Victor Gina – Prepara o Arata e os outros, temos festa!!
- O Arata?? – perguntou o outro, imaginando que tipo de problemas necessitariam do barbudo lutador de sumo - Mas que se passa Chefe??
- Alexia – esclareceu – finalmente notícias. Temos a localização da base do Fronhé, mas é preciso agir mais depressa do que eu trato de um bumbum gostoso! Despachem-se!! – gritou, encerrando a comunicação.

A alguns quilómetros dali, dentro de uma comprida canalização uma loura de saia encontra-se na sua posição mais natural, ou seja, de gatas.
- Estou cansada Tutu, não consigo rastejar mais... – disse Alexia, a sua voz ecoando nas paredes do sombrio cano por onde tentavam fugir – e tenho fome...
- Ãããã... queres um pepino? – sugeriu o seu companheiro, levando a mão ao bolso
- Tutu! Como podes pensar nisso agora? – ralhou Alexia, ajeitando os óculos – Temos uma bifurcação ali à frente... vamos por qual lado?
- Mas porque é que aqueles dois pararam? – perguntou Cléo – não é hora para broches sua porca! Já chegou o que fizeste ao desgraçado que deixámos lá na cela!
- Não é isso, ela queixa-se dos joelhos – disse Arães com o seu sotaque nortenho característico – Quem diria, depois de tanto os esfregar nas matas de Monsanto já deviam estar calejados – acrescentou, rindo-se com grande vontade.
- Querem o quê meus vadios nojentos? – espumou de raiva a loura – Tutu, vamos embora já! Vamos pela esquerda, eles que vão pelo outro lado!! – e dito isto começou a gatinhar com uma velocidade furiosa.
- Isso, boa viagem sua Cicciolina na reforma – disse a outra loura escarnecendo
- Ãããã... Alexia... ããã.... espera – disse Tutu tentando segui-la no seu jeito natural atrapalhado, mas sem sucesso. Ao fim de algumas dezenas de metros e novas bifurcações o rapagão estava perdido quer da loura, quer dos outros dois.
- Ãããã... Alexia... não me deixes sozinho – choramingou, encolhendo-se.

Toldada pela raiva Alexia rastejou durante metros até se aperceber que tinha deixado para trás Tutu. Preparava-se para voltar quando ouviu algumas vozes vindas de um respiradouro mais à frente. Aproximou-se silenciosamente e espreitou.
- Nã nã nã, não quero ouvir nada disso! – vociferou um indivíduo indiano de idade avançada – Encontrem-me aqueles cinco e já!
O próprio S.P. Fronhé estava sob os pés Alexia num escritório, discutindo com Lana Raposa. “Tenho de sair daqui e avisar o Chefe Victor!” pensou, tentando dar a volta e continuar pela canalização.
- Mas S.P., eles meteram-se nas canalizações, e aquilo é um labirinto! – disse Raposa tentando acalmar o marido – Podem estar em qualquer lado! Até mesmo por cima desta... – calou-se quando o seu olho aéreo detectou de facto movimento na abertura vísivel do gigantesco cano branco.
Num ápice a conjugue do traficante agarrou numa pistola de líquidos iónicos e disparou para o cilindro metálico, fazendo a estrutura começar a derreter e a tremer. Alexia tentou escapar em vão, caindo juntamente com algumas secções metálicas em cima da secretária.
- Olha quem aqui temos, uma menina tão bonita – disse Fronhé com o seu sotaque pouco perceptível, aproximando-se – Tu é que és a célebre Alexia?
- Seu.. seu... indiano oleoso nojento! – atirou a loura – nem ouses pôr-me a mão em cima!
- Vou pôr muito mais Alexia, muito mais... Gostas de chamussas? Ou de croquetes com caril? Tenho um... longo! negócio para te propôr...
(Continua)

Comentários

Chas. disse…
Com tanto caril ainda fica com o olho a arder! Vamos la ver quem salvará a Alexia do Fronhé.

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