Contos do Virgílio - O Repuxo (Continuação)
O velho Virgílio estava agastado. Eis que se preparava para declamar a sua epopeia quando aquela piolhosa matulagem lhe havia estragado o clima de mistério. Riem-se, seus malandros? Então ide-vos foder, vou arranjar público que me mereça! Virgílio estava cansado e bastante disposto a voltar para a sua morada. O único senão é que, na aldeia, não havia criatura mais miserável que Virgílio, o "Sem-Cheta"! Nem um barril tinha pra se poder abrigar... As piadas à sua conta eram facadas no seu peito, só ignoradas pela veemência das facadas da fome. Nem uma porra duma casca de banana tinha para mastigar, à laia de chewing-gum! "O meu maior inimigo é a velhice, ninguém liga aos velhos nesta puta desta aldeia!" pensou Virgílio. De facto, Virgílio era o mais pobre porque a sua idade não lhe permitia trabalhar no campo, e naquele meio rural (pra não dizer atrasado) não havia labor menos pesado de que pudesse tirar o sustento. Não tinha familiares, e também não tinha amigos, poi