Diário de Um Homem Porco - Bocejo
É de manhã. Descubro-o pelo raio de sol que me entra pelos estores mal  corridos e me bate na cara. Dou mais umas voltas na cama, debaixo do  edredão encardido, mas não tarda que me levante, os lençóis colados à minha  epiderme pegajosa de suor e sebo.  Sento-me na beira da cama, coçando a tomatada. Em seguida esboço o gesto  de levar o dedo ao nariz, mas o odor a colhão acorda-me do meu torpor  sonâmbulo. E ponho-me a pensar. "Foda-se, preciso mesmo de um banho." Dou  um estalo a mim mesmo por ter tais pensamentos e arrasto-me para a casa de  banho. Pelo caminho esbarro em garrafas de cerveja e pacotes de batata  frita vazios, as migalhas gordurosas colando-se às solas dos meus pés.  Mal ligo à carpete encrostada de manchas de uma noite de excessos com a  minha querida Lily, companheira das horas tristes. Ali jaz ela, a um  canto, meio esvaziada. A sua boca sempre aberta para um conforto que mais  nenhuma mulher pode - nem quer - dar.  Acendo a luz e sento-me na retrete. De ...