Vitânus :: Capitulo 1 :: Chegada ao Cais no Sonhé
Quinze horas e trinta e seis minutos. Um Volvo da série Vasco da Gama articulando alguns quilómetros de longas experimentações entre Ode às Velas e Cais no Sonhé transporta o seu mais sábio passageiro: Vitânus, mais conhecido pela sua passada de Pinguim Imperador e fixação por transportes colectivos, pintos variados e piadas secas. É um metaleiro humilde, no auge das suas vinte e três primaveras, oitenta quilogramas enchouriçadas em calças elásticas, caracóis pretos, fortes e volumosos, e um olhar expressivo - por vezes esbugalhado - cor de melaço. Numa travagem brusca, junto ao Bar Amaricado, Vitânus é arremessado pelo corredor e após três cambalhotas atinge a cabine do motorista - e o dedo mindinho o antigo obliterador! Aparentemente uma rusga policial, três pegas e um taberneiro sem calças numa fuga sem cobertura dão resguardo às justificações hidráulicas do senhor da Magnum 44. O acrobata lesionado, com uma tarifa de bordo extra, levanta-se e começa o seu canto imperial: "