O Encalacrador Implacável - Episódio 4
Localidade incerta, algumas dezenas de ânus no futuro
O rabiosque de cristal reflectia os acontecimentos do passado como se estivessem a decorrer no presente, fazendo com que o mundo à sua volta os absorvesse, mudando e adaptando-se. O seu sorriso quase parecia não caber naquela estranha face, de tão grande que estava. Começando a saltitar, com a bata esvoaçando, dirigiu-se cantarolando para uma consola pejada de botões coloridos.
- O plano está a correr melhor do que pensava, AH AH AH! Está mesmo! – deliciava-se, falando para si – O primeiro teste correu bem, agora só falta atacar em múltiplas frentes! O mundo de lascívia e deboche vai ter de acabar! Vou ficar para a história como o hom… ser! que mudou o presente e o futuro!! – gritou, carregando em diversos botões, manivelas e uma ou outra alavanca. Inúmeros orbes de luz materializaram-se ao longo do laboratório, envolvendo corpos nus (alguns bem horripilantes, acreditem) suspensos e aparentemente inertes. Segundos depois, todos eles se desvaneceram em diversos clarões ofuscantes, levando consigo os seus ocupantes.
Algures em Lisboa durante a madrugada, alguns anos atrás (de quem? Como? Oi? Pois é pois é pois é pois é!)
Pasteleiro tarado
A massa fermentava enquanto ele preparava no seu maior tacho um creme de cor esbranquiçada que mais tarde iria ser o recheio de alguns quilos de sonhos. Já lhe tinha dado o seu toque pessoal, ou “piçoal”, como ele costumava dizer em tom jocoso, enquanto puxava o fecho da braguilha para cima. Dirigia-se à divisão anexa, coçando o rabo com a colher de pau que usava para mexer o creme, quando um clarão de luz proveniente do exterior o ofuscou, seguido de um estrondo. Momentaneamente cego, cambaleou e avançou cautelosamente agarrado aos balcões. “Não me digas que aquela gordalhufa pindérica voltou para se vingar! Eu já lhe conto uma história! Vai amaldiçoar o momento em que se afastou da sua bimbi!” disse, enquanto agarrava no rolo da massa. Saiu do seu armazém, piscando os olhos, e o que viu fê-lo estremecer e largar a sua arma improvisada. Um humanóide contemplava-o do alto dos seus 7 metros. Mas não era o seu tamanho que o assustava: o humanóide era composto apenas e só por massa folhada. E da foleira. Um som (algo estaladiço) fez-se ouvir, proveniente do que parecia ser a sua boca.
- Venho do futuro para o encalacraaaaaaaaaarrr- urrou, enquanto um bocado de massa folhada caía em cima duns incautos canídeos, pulverizando-os.
Em pânico, o pasteleiro fugiu, correndo pelo campo. O gigante folhado correu no seu encalço e, com as suas largas pernas, rapidamente se aproximou e alcançou o fugitivo. Placas folhadas saltavam e voavam, atingindo tudo à medida que o estranho ser corria. O panificador viu-se encurralado e, virando-se para o gigante, apenas teve tempo de berrar lancinantemente, enquanto algumas toneladas de massa folhada lhe caíam em cima, esmagando-o. Num último suspiro, conseguiu ainda pensar ironicamente que ao menos podia ter sido mortalmente esmagado por massa folhada caseira, em vez da massa foleira da marca “Pois é” que tanto desprezava.
Violência na praia
Na manhã seguinte, um episódio trágico decorria numa praia distante. Um turba enraivecida de homens (?) com baixos níveis de testosterona atacava inúmeros veraneantes desprevenidos, numa acção que acabou por ficar conhecida como “enrabão”. Para piorar a coisa, o corpo policial supostamente “vigiava” a praia ao som de Gloria Gaynor, dançando com as calças em baixo, cacetete na mão, e os candeeiros reluzindo freneticamente. O tempo passava, e os “andares novos” iam-se tornando velhos.
Mas eis que, inesperadamente, um ser veio alterar a situação. Vestindo uma indumentária de vaqueiro (vulgo, “cowboy”), estacionou uma carrinha cor-de-rosa e saltou para o tejadilho. Ligando o seu megafone, começou a falar bem alto.
- Venho do futuro para os encalacrar – gritou – mas não quer dizer que não possa ser um encalacranço com estilo, uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!
Á medida que todos os olhos se voltavam e arregalavam na sua direcção, a incredulidade ia tomando conta das bichas. O vaqueiro cheio de estilo em cima da carrinha (giríssima) não era inspirado no filme “broke back mountain”, nada disso: era nem mais nem menos que George Michael, e ainda por cima, parecendo ter saído directamente dos anos 80! Em menos de nada, o encalacrador vindo do futuro começou a cantar.
- Wakeee me uuuupp, beforee you go goo (seguida do resto da letra abichanada que vocês tão bem conhecem, não disfarcem).
O delírio tomou conta da multidão. Polícias, participantes do arrastão e até algumas vítimas recém convertidas a um novo mundo, correram em delírio na direcção da carrinha. O encalacrador continuou a cantar e dançar (de forma altamente panisga, realce-se) até que, quando todos se agrupavam e lutavam em redor da carrinha na tentativa de apanhar o colete de camurça atirado pelo encalacrador, esta explodiu numa violenta labareda, dizimando imediatamente todos os larilas da praia. Ou quase todos.
- Sniff – lacrimejou um veraneante que havia sido atacado – agora que eu até já estava a gostar! Enfim… - e afastou-se, coxeando e trauteando músicas de Tony Carreira.
(continua)
O rabiosque de cristal reflectia os acontecimentos do passado como se estivessem a decorrer no presente, fazendo com que o mundo à sua volta os absorvesse, mudando e adaptando-se. O seu sorriso quase parecia não caber naquela estranha face, de tão grande que estava. Começando a saltitar, com a bata esvoaçando, dirigiu-se cantarolando para uma consola pejada de botões coloridos.
- O plano está a correr melhor do que pensava, AH AH AH! Está mesmo! – deliciava-se, falando para si – O primeiro teste correu bem, agora só falta atacar em múltiplas frentes! O mundo de lascívia e deboche vai ter de acabar! Vou ficar para a história como o hom… ser! que mudou o presente e o futuro!! – gritou, carregando em diversos botões, manivelas e uma ou outra alavanca. Inúmeros orbes de luz materializaram-se ao longo do laboratório, envolvendo corpos nus (alguns bem horripilantes, acreditem) suspensos e aparentemente inertes. Segundos depois, todos eles se desvaneceram em diversos clarões ofuscantes, levando consigo os seus ocupantes.
Algures em Lisboa durante a madrugada, alguns anos atrás (de quem? Como? Oi? Pois é pois é pois é pois é!)
Pasteleiro tarado
A massa fermentava enquanto ele preparava no seu maior tacho um creme de cor esbranquiçada que mais tarde iria ser o recheio de alguns quilos de sonhos. Já lhe tinha dado o seu toque pessoal, ou “piçoal”, como ele costumava dizer em tom jocoso, enquanto puxava o fecho da braguilha para cima. Dirigia-se à divisão anexa, coçando o rabo com a colher de pau que usava para mexer o creme, quando um clarão de luz proveniente do exterior o ofuscou, seguido de um estrondo. Momentaneamente cego, cambaleou e avançou cautelosamente agarrado aos balcões. “Não me digas que aquela gordalhufa pindérica voltou para se vingar! Eu já lhe conto uma história! Vai amaldiçoar o momento em que se afastou da sua bimbi!” disse, enquanto agarrava no rolo da massa. Saiu do seu armazém, piscando os olhos, e o que viu fê-lo estremecer e largar a sua arma improvisada. Um humanóide contemplava-o do alto dos seus 7 metros. Mas não era o seu tamanho que o assustava: o humanóide era composto apenas e só por massa folhada. E da foleira. Um som (algo estaladiço) fez-se ouvir, proveniente do que parecia ser a sua boca.
- Venho do futuro para o encalacraaaaaaaaaarrr- urrou, enquanto um bocado de massa folhada caía em cima duns incautos canídeos, pulverizando-os.
Em pânico, o pasteleiro fugiu, correndo pelo campo. O gigante folhado correu no seu encalço e, com as suas largas pernas, rapidamente se aproximou e alcançou o fugitivo. Placas folhadas saltavam e voavam, atingindo tudo à medida que o estranho ser corria. O panificador viu-se encurralado e, virando-se para o gigante, apenas teve tempo de berrar lancinantemente, enquanto algumas toneladas de massa folhada lhe caíam em cima, esmagando-o. Num último suspiro, conseguiu ainda pensar ironicamente que ao menos podia ter sido mortalmente esmagado por massa folhada caseira, em vez da massa foleira da marca “Pois é” que tanto desprezava.
Violência na praia
Na manhã seguinte, um episódio trágico decorria numa praia distante. Um turba enraivecida de homens (?) com baixos níveis de testosterona atacava inúmeros veraneantes desprevenidos, numa acção que acabou por ficar conhecida como “enrabão”. Para piorar a coisa, o corpo policial supostamente “vigiava” a praia ao som de Gloria Gaynor, dançando com as calças em baixo, cacetete na mão, e os candeeiros reluzindo freneticamente. O tempo passava, e os “andares novos” iam-se tornando velhos.
Mas eis que, inesperadamente, um ser veio alterar a situação. Vestindo uma indumentária de vaqueiro (vulgo, “cowboy”), estacionou uma carrinha cor-de-rosa e saltou para o tejadilho. Ligando o seu megafone, começou a falar bem alto.
- Venho do futuro para os encalacrar – gritou – mas não quer dizer que não possa ser um encalacranço com estilo, uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!
Á medida que todos os olhos se voltavam e arregalavam na sua direcção, a incredulidade ia tomando conta das bichas. O vaqueiro cheio de estilo em cima da carrinha (giríssima) não era inspirado no filme “broke back mountain”, nada disso: era nem mais nem menos que George Michael, e ainda por cima, parecendo ter saído directamente dos anos 80! Em menos de nada, o encalacrador vindo do futuro começou a cantar.
- Wakeee me uuuupp, beforee you go goo (seguida do resto da letra abichanada que vocês tão bem conhecem, não disfarcem).
O delírio tomou conta da multidão. Polícias, participantes do arrastão e até algumas vítimas recém convertidas a um novo mundo, correram em delírio na direcção da carrinha. O encalacrador continuou a cantar e dançar (de forma altamente panisga, realce-se) até que, quando todos se agrupavam e lutavam em redor da carrinha na tentativa de apanhar o colete de camurça atirado pelo encalacrador, esta explodiu numa violenta labareda, dizimando imediatamente todos os larilas da praia. Ou quase todos.
- Sniff – lacrimejou um veraneante que havia sido atacado – agora que eu até já estava a gostar! Enfim… - e afastou-se, coxeando e trauteando músicas de Tony Carreira.
(continua)
Comentários
Enrabão, enrabão, maltratos!A andar de saltos altos, esse larilas de verão! (by Marcha Pilas o grande cantor Pimbarilas)
De cagar a rir! Aliás já fui duas vezes ao wc! :p
Genial como sempre!
continua..
Química =)